quinta-feira, 21 de junho de 2012

Tensão: População sofre com os transtornos da greve

Sem ônibus, as pessoas sofreram para se locomover e os engarrafamentos foram potencializados
O clima de tensão estava presente tanto entre a população quanto entre os motoristas e cobradores que foram trabalhar ontem. A cobradora Maria Romano, 50 anos, relata que, às 4h30, o veículo que faz a linha Messejana/Frei Cirilo foi abordado por três homens que estavam em um carro e esvaziaram os pneus.


Policiais do Batalhão de Polícia de Choque (BpChoque) estiveram nos terminais da Capital para reprimir possíveis atos de violência Foto: José Leomar
"Não houve violência. Eles vieram pela contramão e pararam o nosso ônibus, que acabava de sair da garagem e ia para o terminal, e pediram para gente descer", comentou. Ela não sabe dizer se as pessoas faziam parte do movimento sindical.

A costureira Jucicleide Cavalcante, 49 anos, mora no Conjunto Palmeiras e está desempregada. Ontem, era o dia da entrevista de emprego ao qual ela foi selecionada, mas, por conta da greve, ela não teve como chegar a tempo. "Tinha que estar lá às 8h. Informei a situação e eles compreenderam, vamos ver se amanhã dará certo", disse.

Já Iolanda Rodrigues, 30 anos, possui um quiosque de alimentos no Terminal de Messejana, e espera que o impasse entre patrões e empresários termine logo. "O prejuízo é grande, a gente deixa de vender muito e tem uma despesa alta. O comum é o pessoal tomar café da manhã aqui, mas, hoje, tivemos apenas quatro vendas", reclama.

Danos

Por volta das 10h, sindicalistas teriam danificado um ônibus no Centro. Segundo passageiros, retrovisores foram quebrados com um pedaço de ferro. Eles contam que o coletivo foi trancado pelo veículo do Sintro na Rua Visconde do Rio Branco, próximo à Dom Manuel.

Os grevistas jogaram pedras e pediram que o motorista lhes entregasse a chave. O condutor e o cobrador preferiram não se identificar, porém, explicaram que estão em período de experiência, por isso, não pararam de circular. A presidência do Sintro afirma que não orienta nem defende atos de vandalismo.



Na frente do Terminal do Siqueira, na Avenida Osório de Paiva, dezenas de ônibus enfileirados e com pneus esvaziados atrapalhavam a passagem de motoristas e pedestres, potencializando os engarrafamentos já naturais naquela via.

Logo cedo, representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Ceará (Sintro-CE) chegaram ao local para impedir os ônibus de circular ou entrar no terminal. Passageiros eram obrigados a descer dos coletivos e procurar alternativas para chegar a seus destinos. "Estou esperando o meu patrão vir me pegar", diz a auxiliar de serviços gerais Crislane de Oliveira, 36.

Trânsito

Devido aos tumultos no trânsito, aconteceu uma colisão entre uma caçamba e um carro. Não havia agentes da Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e de Cidadania de Fortaleza (AMC) na Osório de Paiva.

No entorno dos terminais da Parangaba e da Lagoa, a situação do trânsito foi semelhante ao Siqueira, inclusive, com depredação de ônibus. Dentre as avenidas mais críticas, devido à presença de ônibus parados, estavam a Godofredo Maciel, Dedé Brasil e Gomes Brasil. Mais afastado, na Oliveira Paiva, o fluxo de veículos também ficou prejudicado. Houve um engavetamento de três carros.

A AMC informa que preparou um esquema de plantão para os terminais, deixando uma viatura em cada um. No início da manhã, foram enviados reforços para os locais onde houve transtornos, como nos terminais do Siqueira e Parangaba. Alguns cruzamentos precisaram ser operados manualmente por agentes, como o das avenidas Eduardo Perdigão e Godofredo Maciel.

Metrofor vira opção para passageiros
Com um número menor de ônibus circulando por Fortaleza, uma das opções mais procuradas pelos passageiros foi a Linha Sul do Metrô de Fortaleza (Metrofor), que ainda está em fase de testes durante os próximos seis meses e liga Parangaba a Pacatuba.


Mesmo ligando apenas Parangaba a Pacatuba, a Linha Sul do metrô ficou ainda mais movimentada ontem devido à paralisação Foto: Waleska Santiago
A partir do momento em que os portões da Estação da Parangaba foram abertos, as pessoas, que não encontravam ônibus para conseguir chegar ao seu destino, foram em busca da alternativa. Elas acabaram se juntando com os curiosos que vão conhecer a nova opção de transporte público da Capital e também às pessoas que utilizam o Metrofor como o seu meio de transporte do dia a dia.

João Neto e Marilene Lima, utilizaram o metrô de Fortaleza pela primeira vez, pois não encontravam ônibus circulando pelo Conjunto Aracape. "Trabalhamos no Centro, mas, a partir daqui, não sabemos o que fazer para chegar lá", reclamou Marilene. Neto destacou que, mesmo após muita procura, eles não conseguiram encontrar nenhum ônibus que pudesse levá-los até o trabalho. O Metrofor foi a última opção que os dois tiveram para não faltar.

O aposentado Antônio Xavier disse que notou um aumento no número de passageiros durante a manhã de ontem. "O número de pessoas que veio da Pacatuba para a Parangaba foi bem maior do que nos outros dias. Só pode ser devido à greve dos motoristas de ônibus", frisou.

Ele acredita que, por ser um serviço gratuito, as pessoas prefiram aproveitá-lo em vez de pagar por uma topique, mototáxi ou táxi. Dessa forma, podem chegar rápido ao seu destino e sem pagar nada.

Funcionamento
A empregada doméstica Ana Gondim ressalta que o horário de funcionamento do Metrô de Fortaleza deveria aumentar durante todo o tempo em que os motoristas de ônibus continuarem paralisando as suas atividades. "Assim, a população tem outra alternativa para se deslocar", concluiu.

A Linha Sul, com 24 quilômetros de extensão, ainda deixa muitas brechas: irá rodar apenas em dias comerciais, somente por quatro horas diárias, entre 8h e 13h, com prazos de espera de 20 minutos entre um carro e outro e com possibilidades de apresentar falhas.

Do Diário do Nordeste

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