O contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira,
decidiu não responder às perguntas dos integrantes da Comissão
Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) e seu silêncio irritou os
parlamentares, que chegaram a propor que a sessão fosse encerrada.
Cachoeira entrou na sala do Senado às 14h13 desta terça-feira (22), sem
algemas. Orientado por seus advogados, o contraventor disse que estava
respondendo a uma investigação na Justiça e, por isso, se reservava ao
direito de ficar calado.
- Estou aqui como manda a lei para responder o que for necessário.
Constitucionalmente, fui advertido por meus advogados para não dizer
nada e não falarei nada aqui. Somente depois da audiência que eu terei
com o juiz, se eu, porventura, achar que eu devo contribuir, eu virei
aqui para falar", disse o empresário.
Cachoeira está preso desde o dia 29 de fevereiro, como resultado das
atividades da Operação Monte Carlo da Polícia Federal, que investigou
sua ligação com jogos ilegais e o comando de uma rede criminosa
envolvendo agentes públicos e privados.
Com uma aparência mais magra, o empresário chegou ao Senado escoltado pela polícia, vestindo um terno cinza e de gravata.
De início, a posição de Cachoeira já irritou alguns deputados. O
relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG), que havia preparado mais
de 100 perguntas para fazer ao empresário, preferiu não fazê-las diante
da opção de silêncio de Cachoeira. “Prefiro reservá-las para outra
ocasião”, disse o relator.
O deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) reclamou: "O depoente não
pode achar que aqui tem um bando de palhaço", disse. O senador Álvaro
Dias (PSDB-PR) também se disse preocupado com a imagem que os senadores e
deputados poderiam passar ao terem suas perguntas ignoradas pelo
depoente. Diante disso, concordou com a sugestão de suspender a reunião.
- Não imaginamos que imagem estamos passando para a população. Que
estamos aqui diante de um marginal, que sai da Papuda para vir para cá e
mantém-se com a arrogância dos livres. Não creio que devemos continuar
com esse depoimento. Da minha parte, formulei algumas perguntas, mas as
reservarei para outra oportunidade. Não farei indagação alguma, porque
respostas não há, disse Álvaro Dias.
Já o deputado Rubens Bueno (PPS-PR) chegou a fazer algumas perguntas,
que foram respondidas por Cachoeira com a repetida frase: "Calado,
senhor". Irritado, o deputado retrucou: "Gostaria de dizer ao senhor
Cachoeira que nós não somos teu [sic]", disse Rubens Bueno, referindo-se
à mensagem trocada na semana passada, via celular, entre o deputado
Cândido Vaccarezza (PT-SP) e o governador do Rio de Janeiro, Sérgio
Cabral (PMDB). Vaccarezza foi flagrado, pelo canal de televisão SBT,
durante reunião da comissão, passando mensagem para Cabral,
tranquilizando-o que as investigações da CPMI não o atingiriam.
Na sessão desta terça, Cachoeira chegou a responder às críticas de
deputados e senadores ao seu silêncio. "Houve um pedido para que os
senhores reavaliassem a nossa vinda aqui. Quem forçou foram os
senhores", disse.
A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) chegou a propor que se encerrasse a
sessão convocada para ouvir o depoimento do empresário e, em seguida, os
trabalhos fossem reiniciados como parte de sessão administrativa, onde
poderiam ser votados requerimentos para quebra de sigilo e outras
convocações. Alguns parlamentares alegaram ainda que o silêncio de
Cachoeira, antecedido por várias perguntas de cada parlamentar da CPMI,
estava servindo de munição para a defesa do empresário em futuras ações
judiciais.
Do Cnews
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