Estado foi o que mais reduziu a desigualdade de renda no Nordeste. Trabalho foi peça-chave para o resultado
A
década de 2000 foi marcada por importantes transformações no mercado de
trabalho do Ceará, entre elas, a redução da desigualdade de renda, com
uma queda de 11,1% no Índice de Gini - uma das medidas de desigualdade
mais empregadas no mundo -, que passou de 0,61 em 2001 para 0,54 em
2009.
Entre as fontes que compõem a renda das famílias, os
rendimentos do trabalho foram os que ofereceram a maior contribuição
para a diminuição da desigualdade no Estado: 60,06%. Em seguida,
aparecem juros e transferências (26,52%), previdência (13,96%) e
alugueis e doações (-0,54%).
As informações são do estudo "A
Contribuição dos rendimentos do Trabalho na Redução da Desigualdade de
Renda", que integra uma série de seis documentos divulgados pelo
Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica (Ipece) por ocasião do Dia
do trabalho, comemorado hoje.
De acordo com o analista de
políticas públicas do Ipece, Vitor Hugo Miro, em 2011, o Ceará era o
nordestino com a maior concentração de renda, situação que registrou
importantes avanços ao longo da década.
Maior evolução
Prova
disso é que o Ceará foi o estado que mais evoluiu na redução da
concentração de renda no Nordeste. "A renda do trabalho foi o componente
que mais contribuiu para a redução da desigualdade. Entre os fatores
que influenciaram, estão: a maior participação de pessoas no mercado de
trabalho, a formalização e a valorização real do salário mínimo",
explica.
Domicílios
O estudo "A
importância da Renda do Trabalho na Composição da Renda dos Domicílios",
também divulgado pelo Ipece, mostra que a renda domiciliar per capita
vem apresentando valores médios crescentes desde 2001, trajetória que
pode estar relacionada a aspectos como a políticas de valorização do
salário mínimo, de transferência de renda, período de estabilidade e ao
crescimento da economia brasileira no período, o que possibilitou uma
melhor dinâmica ao mercado de trabalho. Conforme o estudo, considerando
apenas os domicílios com declaração de rendimentos positivos, a renda
domiciliar per capita média cresceu 34,9% entre 2001 e 2009. "A renda
domiciliar cresceu mais entre os 10% da população mais pobres do Estado,
com um avanço de 97,6%. Os 10% da população mais ricos apresentaram
taxa de crescimento da renda de 16,1%", explica Vitor Hugo.
Com
relação à composição da renda das famílias, o estudo mostra que, no
estrato mais pobre da população, os rendimentos do trabalho respondem
por 43,8%. Para os mais ricos, são responsáveis por 76% da composição.
Ganho médio cresce 9% em 4 anos
O
rendimento médio dos trabalhadores cearenses apresentou avanços
importantes na última década. De acordo com o Ipece, entre 2007 e 2011, o
ganho médio do trabalhador formal do Estado cresceu 9,01%, passando de
R$ 967,78 para R$ 1.054,96. O resultado ficou acima da média nacional
(6,10%), mas abaixo do crescimento registrado no Nordeste (11,11%).
"A
construção civil foi a principal responsável pelo crescimento da renda
média no Estado. No período analisado, o setor apresentou o maior ganho
real, com expansão de 18,27%. O índice foi maior que a brasileira
(12,92%) e um pouco menor que a média do Nordeste (20,24%)", afirma
Eloísa Bezerra, economista do Ipece. Por outro lado, a menor expansão
dos rendimentos ocorreu na Indústria (6,35%). Mesmo assim, a renda dos
trabalhados da indústria cearense cresceu mais que a média do Nordeste
(5,82%) e do Brasil (5,46%). Com relação ao salário mínimo, houve um
ganhou real no Estado de 25,70% entre 2007 e 2012, significando uma taxa
média anual de 4,75%. Em 2007, o salário mínimo era R$ 380,00, valor
que passou para R$ 622,00 em 2012.
Estímulo"Isso
é bom porque aumenta a atividade econômica como um todo. As pessoas
estão com uma renda maior, vão consumir mais e puxar as atividades
produtivas. Vira um ciclo positivo para a economia, principalmente nos
últimos anos, quando enfrentamos duas crises econômicas mundiais que
ainda têm resquícios. O Brasil aproveitou para incentivar o mercado
interno e manter o crescimento da economia", avalia Eloísa Bezerra.
Apesar dos avanços, a maior parte dos trabalhadores cearenses (77,63%)
ainda recebe entre 0,5 e 2 Mínimos, com uma parcela de 49,75% obtendo de
1,01 a 1,5 salários mínimos.
Emprego avança mais na construção
Impulsionado
pelas obras públicas e privadas, sobretudo por causa da expansão do
mercado imobiliário, o setor da construção civil foi um dos que mais
empregou em Fortaleza, entre 2007 e 2010, com a criação de
aproximadamente 30 mil postos de trabalho, uma expansão de 104,49%. As
informações fazem parte do estudo "Desempenho do Emprego Formal em
Fortaleza", divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia
Econômica do Ceará (Ipece).
Conforme a pesquisa, outros fatores
que podem ter contribuído para o desempenho do setor no período, no que
diz respeito ao volume de empregos gerados, são: expansão do crédito,
redução de impostos de alguns materiais de construção e o regime
especial de tributação concedido à população de baixa renda, que
estimula a produção e resulta em mais contratações.
Além da
construção, os setores que também apresentaram expansão nas contratações
no período analisado são: serviços (34,90%), comércio (27,53%),
Indústria de transformação (18,17%), administração pública
(15,12%) e
serviços industriais de utilidade pública (5,60%). Por outro lado, as
contratações caíram 52,33% no setor extrativo mineral e 23,28% no setor
de agropecuária, extração vegetal, caça e pesca.
Na década
Entre
2000 e 2010, foram criados 311.588 mil postos de trabalho em Fortaleza,
o que representa um crescimento de 75,26% na última década. Os setores
de serviços, administração pública e comércio, tanto em 2000 como em
2010, abrigavam a maior proporção de empregos formalizados em Fortaleza.
Em 2000, 32,87% dos empregos formais estavam no setor de serviços, aumentando para 38,99% em 2010.
Do Diário do Nordeste
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