31/03/2012
O
MP-RN (Ministério Público do Rio Grande do Norte) encaminhou à Procuradoria
Geral da República um depoimento do empreiteiro potiguar José Gilmar de
Carvalho Lopes, no qual ele afirma que o senador e presidente nacional do DEM,
José Agripino Maia, teria recebido R$ 1 milhão em dinheiro “vivo” para a
campanha de 2010 no Estado. O senador, que desde terça-feira (27) é o líder do
partido no Senado, nega veementemente a denúncia.
O
depoimento do empresário --que é dono da construtora Montana, uma das maiores
do Rio Grande do Norte-- foi dado em novembro de 2011, durante as investigações
de um suposto esquema montado para manter o monopólio indevido nas inspeções
ambientais veiculares no Estado, que poderia render R$ 1 bilhão aos acusados.
Ao todo, 36 pessoas foram denunciadas e 27 tiveram a denúncia aceita --entre
elas o suplente de Agripino Maia-- e se tornaram réus no processo da operação
Sinal Fechado. As fraudes teriam sido realizadas com a participação de
políticos, ex-governadores e servidores do Detran-RN (Departamento de Trânsito
do Rio Grande do Norte).
O
depoimento vazou do processo, que corre em segredo de Justiça, e foi publicado
por blogs e sites do Rio Grande do Norte nesta quinta-feira (29). À reportagem
do UOL, a assessoria de imprensa do MP-RN confirmou a veracidade do depoimento
e que o documento foi remetido para a Procuradoria Geral da República, já que o
senador tem foro privilegiado, para que decida se uma investigação será aberta
ou não. Por sua vez, o MP-RN não soube informar como o documento foi parar na
mão de jornalistas potiguares.
No
depoimento, Gilmar afirmou que o repasse do R$ 1 milhão --que seria fruto do
desvio de recursos públicos do Detran-RN-- teria sido feito pelo advogado
George Olímpio, que foi preso e denunciado na operação Sinal Fechado. Além do
declarante, uma advogada e dois promotores assinam o documento.
O
empresário contou aos promotores que George assegurou que “deu R$ 1 milhão em
dinheiro, de forma parcelada, na campanha eleitoral de 2010 a Carlos Augusto
Rosado [marido da governadora Rosalba Ciarlini, também do DEM] e José Agripino
Maia, e que esta doação foi acertada no sótão do apartamento de José Agripino
Maia em Morro Branco [bairro nobre de Natal].”
No
depoimento, dado no mesmo dia em que foi detido pela polícia, o empresário deu
vários detalhes sobre a suposta distribuição de propina e lucros advindos do
valor recolhido do contrato de prestação de serviço de inspeção veicular
ambiental do Rio Grande do Norte.
Segundo
a denúncia feita pelo MP, após as investigações que resultaram na operação
Sinal Fechado, George Olímpio e Gilmar Lopes fariam parte da “organização
criminosa” que elaborou e fraudou concorrência pública no Detran-RN para
garantir o domínio da inspeção veicular no Estado, contando com a participação
de agentes públicos.
Entre
os denunciados pelo MP estão os ex-governadores Wilma de Faria e Iberê Ferreira
de Souza, ambos do PSB, que são acusados de receber propina da organização
criminosa. Para o MP, uma das principais provas foi o depoimento prestado por
Gilmar ao MP. Os ex-governadores negam a denúncia. Outro denunciado é o
suplente de José Agripino Maia no Senado, João Faustino. Todos já são réus no
processo, pois a denúncia contra os 27 acusados foi aceita pela Justiça
potiguar.
Do Blog SGA Notícias
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