Para ser selecionado no MIT é necessário fazer um exame chamado de Scholastic Assessment Test (SAT, Teste de Avaliação Escolar), uma espécie de 'Enem americano,' que também é aplicado no Brasil aos interessados em disputar vagas nos Estados Unidos. Sá conta que fez as provas específicas de matemática e química e gabaritou com 800 pontos, a nota máxima. Também foi necessário fazer o teste de proficiência em inglês, o Toefl (Test of English as a Foreign Language). Do total de 120 pontos, o jovem fez 113.
Apesar do bom desempenho no processo seletivo, o estudante tinha dúvidas se seria aceito. "Muita gente boa aplica para o MIT, passar lá é algo extraordinário. Não tinha como ter certeza", afirma.
João Lucas na Romênia onde conquistou prêmio
inédito para o Brasil (Foto: Arquivo pessoal)
Fera em matemática, João Lucas ainda não sabe qual curso vai optar no
MIT. A universidade permite que o estudante defina a graduação em até
dois anos. Até lá, o jovem quer explorar áreas como computação e
economia. E ao concluir os quatro anos de estudo já sabe seu destino:
voltar para Fortaleza. "Estudar fora do país vai ser importante para o
currículo, mas quero voltar e contribuir para minha cidade, fazer algo
significativo para meu estado. Não penso em morar nos Estados Unidos,
não teria sentido."inédito para o Brasil (Foto: Arquivo pessoal)
Campeão olímpico
A vontade de estudar no exterior começou quando João Lucas passou a conviver no universo das olimpíadas estudantis. A maioria das universidades americanas valoriza alunos com histórico de participação nessas competições.
Quando tinha uns 10 anos, o estudante foi convidado pelo colégio Ari de Sá, em Fortaleza, onde concluiu o ensino fundamental e médio, para participar de uma oficina de matemática. "As aulas eram legais porque eram mais difíceis, mais desafiadoras do que as da sala de aula. Mas nessa época nem tinha intuito de competir", afirma.
O 'supercampeão' nem sabe dizer quantas medalhas já conquistou ao longo da carreira que começou aos 12 anos. Foi medalha de ouro na Olimpíada Brasileira de Matemática; prata na Olimpíada Internacional de Matemática, na Holanda; prata na Romênia Master (prêmio inédito para o Brasil) e ouro na Olimpíada de Matemática do Cone Sul neste ano, entre outras premiações.
Apesar de tantos títulos, João Lucas conta que a mais importante conquista não veio em forma de medalha. "Alguns dos meus melhores amigos eu fiz nas olimpíadas. Acontecia de nos encontrarmos nas viagens. Alguns já estudam fora do país e me ajudaram com dicas."
'Não precisa ser gênio'
João Lucas sempre foi bom aluno, costumava assistir às aulas regulares de manhã e passar as tardes na biblioteca da escola. Às vezes, durante as noites, tinha aulas focadas para as olimpíadas ou ia se distrair na casa de algum amigo. O estudante dispensa o título de gênio e diz que qualquer bom aluno consegue fazer o SAT tranquilamente. "Não precisa ser gênio das olimpíadas para ir bem. Tirei 800 e não sou bom em química, não tem muito segredo. Minha rotina nunca foi diferente da maioria das pessoas. Na sala de aula era visto como qualquer um."
A mãe de João Lucas, a assistente social Francisca Rosa Camelo Sá, de 54 anos, agora mescla o orgulho de ver o sucesso do filho com a angústia de saber que o caçula de três filhos vai se mudar do país. "Ele é muito determinado, no fundo sabia que ia dar certo. Mas agora vem a sensação do ninho se esvaziando e ao mesmo tempo saber que nossa missão está sendo cumprida. É muito orgulho."
Além da falta dos pais, das duas irmãs e dos amigos e parentes do Ceará, João Lucas diz que vai sentir muitas saudades do clima do nordeste brasileiro. "Gosto do calor, do céu azul, de acordar com o dia ensolarado. Quando viajava para lugares frios para participar das olimpíadas, voltava e pensava: que sorte eu tenho de morar aqui!"
Do G1
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